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Por um Carnaval e uma Sociedade Antirracista, Diversa, Plural e Inclusiva.

O carnaval promovido/produzido, conquistado e atualmente desenvolvido pelas escolas de samba em todo o Brasil representa um dos maiores espetáculos a céu aberto do mundo. Ele é fruto de um longo processo de retomada de espaços públicos por parte das populações negras e pobres desse país, que não podiam desfilar nas cidades brasileiras como os mais ricos e abastados faziam nos seus desfiles de carros e préstitos.

Durante todos os anos, ininterruptamente, as comunidades se organizam para garantir o desfile das escolas de samba, por meio do espetáculo carnavalesco, que representa uma grande parcela dessas experiências democráticas protagonizadas pelas comunidades e seus redutos. Uma ampla rede de profissionais é acionada com o intuito de preparar, etapa por etapa, a magia dos desfiles e das apresentações construídas por cada escola: através da plasticidade das agremiações carnavalescas reúnem-se uma multiplicidade de profissionais e especialistas que são responsáveis pela construção de narrativas que são sonoras, de um lado, por meio dos sambas, do ritmo das baterias, do canto e da dança, e de outro, acabam por gerar emprego e renda, além de potencializar o fortalecimento de alianças, emancipação social e dar visibilidade as comunidades das quais as escolas descendem. Portanto, ontem e hoje, as escolas de samba são pontos de encontros entre filosofias de vida, geradoras de sonhos e de utopias.

Nossa história remete a coragem e ao anseio de expressar,

os ideais de vida, em busca de uma sociedade sem muros, tendo como prerrogativa uma filosofia ancestral alicerçada na cultura afro-brasileira em sua plenitude. O povo negro criou nas escolas de samba um manifesto ao ar livre, transmitindo conhecimento e acolhendo as mais criativas e ousadas identidades/potencialidades artísticas, imprimindo traços fortes da identidade brasileira. Enquanto um fenômeno de origem negra, o carnaval das escolas de samba tem sido sistematicamente perseguido pelas elites brasileiras e em determinados momentos históricos pelo racismo produzido pelo Estado. Tais atos discriminatórios estão marcadamente pulverizados em discursos e na ausência de políticas públicas que sirvam de investimento as agremiações e ao carnaval como um todo. Buscamos, como um órgão intermediário nesta relação com o Estado e com o município, a Liga das escolas de samba de Florianópolis – LIESF – garantir que não somente as escolas de samba, blocos afro e demais, sejam pensados enquanto entidades que produzem e criam realidades, ao descreverem por meio de seus desfiles e atividades cotidianas anuais, as histórias que tecem nossas ancestralidades e formas de viver. Por esse motivo, as escolas de samba e distintas entidades culturais, são espaços de luta que primam pela inclusão, a luta contra o racismo e a LGBTfobia, contra o machismo e o capacitismo, a luta das mulheres e múltiplas formas de emancipação.

Por viverem tais desafios em sua história vivida e no cotidiano, as agremiações carnavalescas e demais entidades que compõe o carnaval da cidade de Florianópolis estão organizadas no combate ao racismo e aos preconceitos provenientes dessa relação desigual. Seu combate se faz presente ao promover espaços de acolhimento, promovendo talentos e lideranças comunitárias, além de pessoas plurais em suas identidades, permitindo que a criatividade no seu fazer cultural pulse. Nossos desfiles despontam na passarela devido essa presença diversa em nosso saber e fazer, sem essa pluralidade o que seria do nosso carnaval? Por esse motivo, entendemos que a inclusão enquanto prática pedagógica e cultural deve ser uma premissa entre as agremiações, que tem em seus modos de se organizar, os fundamentos das ancestralidades afro-diaspóricas, cujos princípios, se solidificam através do conceito de escola, legítimo espaço de aprendizagem e de conhecimento, somado ao gênero musical afro-brasileiro, o samba, para construir um modo de transmitir a sociedade, de que forma, nós, enquanto descendentes de múltiplas culturas negro-africanas produzimos e transformamos o mundo. Neste sentido, escolas de samba preocupadas com as questões sociais e raciais, que buscam ser inclusivas reconhecem o quão importante e enriquecedor é conviver e construir carnaval com pessoas de diversas idades, gêneros, grupos étnicos, de religiões distintas, identidades de gênero, orientação sexual, pessoas com deficiência, sejam elas físicas, intelectuais e sensoriais. Além disso, é de suma importância e urgência, o reconhecimento as velhas guardas como um pilar fundamental dessa relação, pois representam a história do samba e do carnaval: representam a tradição, a sabedoria, a temporalidade, são os nossos mais velhos e deles temos sempre que aprender, pois dão a continuidade filosófica a nossa cultura. Por fim, não menos importante, é chegada a hora de manifestarmos publicamente a nossa luta por equidade de direitos e cobramos políticas públicas para a cultura popular negra que permitam que todas as pessoas tenham uma vida digna. É preciso construir um novo tempo e afirmar que nosso carnaval não aceita mais atitudes e práticas excludentes. Por isso, a Liga da Escolas de Samba de Florianópolis – LIESF – convoca suas afiliadas a seguirem novos rumos em direção a uma cidadania plena, absoluta e irrestrita. Nossas agremiações são convocadas a se comprometerem em ser instituições antirracistas, anti-machistas, anti-LGBTfóbicas, anti-capacitistas e anti-xenofóbicas. Somente dessa forma, iremos promover a plena inclusão de todas as pessoas e seremos luz para a sociedade na promoção de um novo tempo.

Diversidade, inclusão e respeito, Direitos e Folia.
É isso que queremos!

Viva o samba, as escolas de samba e o carnaval!

LIGA DAS ESCOLAS DE SAMBA DE FLORIANÓPOLIS

Diretoria Cultural e Matrizes Africanas

Diretoria de Diversidade e Inclusão

Diretoria de Acervo Cultural e Memória

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